A tendência hiper-crítica dos portugueses manifesta-se nos mais variados domínios, mas haverá poucos em que ela seja tão evidente como no futebol. Ainda este fim-de-semana, multiplicaram-se as críticas ao árbitro do Braga-Porto, por ter validado um golo irregular dos portistas e perdoado três grandes penalidades à mesma equipa.
No entanto, na minha opinião, há sobretudo que dar os parabéns a Jesualdo Ferreira pelo excelente trabalho de integração dos novos jogadores. Senão, repare-se como Helton, jogador com vários anos de clube, arranca adversários do chão com a mesma tranquilidade com que Guarín, chegado há meia-dúzia de meses, mete a mão à bola na área, e Cissokho, contratado há meia-dúzia de dias, faz faltas para penalty...

Vejo as notícias do dia e fica a saber que José Oliveira e Costa, ex-administrador do BPN, saiu hoje da prisão para ir à Assembleia da República, supostamente para prestar esclarecimentos sobre a polémica que envolve aquela entidade bancária, mas que não respondeu às perguntas dos deputados invocando a condição de arguido.
E fico triste com as reacções que consideram uma vergonha e um desrespeito esta atitude do ex-bancário, classificando como um enxovalho para o Parlamento o triste espectáculo a que se assistiu. Fico triste porque perco a esperança na Humanidade, quando é composta por pessoas prontas a julgar de forma tão dura um dos seus, um homem simples que - tenho a certeza- só não falou porque se encontrava nervoso. Afinal, não esqueçamos que Oliveira e Costa passou as últimas semanas num presídio e entrou hoje directo na Assembleia da República... ele não está habituado a estar rodeado por tantos vigaristas e ladrões!

Enquanto director de jornal e, antes disso, enquanto jornalista, devo reconhecer que nem sempre os profissionais da área da comunicação social imprimem o necessário rigor ao seu trabalho. Por vezes, arrisco mesmo dizer, o peso do seu desinteresse é maior do que o peso do Rochemback.
Acabamos de assistir a centenas de exemplos desta situação. Falo do início de um novo ano, que, mais uma vez e como vem sendo habitual, coincidiu com o fim de outro. Não me lembro já da última vez em que não se deu esta convergência, e, mesmo assim, nenhum jornalista no mundo se deu ao trabalho de investigar esta estranha coincidência! Que interesses se escondem por detrás desta verdadeira cabala obscurantista?