Com a aproximação das eleições legislativas, começam os partidos políticos a apresentar os seus programas. Hoje, é notícia o do PS, e eu quero debruçar-me sobre uma medida em concreto: a atribuição de 200 Euros em conta poupança por cada nascimento.
A proposta visa, segundo os seus proponentes, estimular a natalidade, mas é muito mais do que isso. É o tipo de medida de que Portugal precisa, porque atinge dois objectivos simultaneamente: por um lado, está-se mesmo a ver que vai fazer os portugueses procriar como coelhos perante perspectiva de ganharem 40 contos uns 18 anos depois; por outro, com o dinheiro que o Estado vai meter nos bancos à conta disto, parte significativa daqueles portugueses vão ser os banqueiros, e se eles estiverem entretidos a fazê-lo com as mulheres e as amantes, pode ser que deixem de o fazer connosco.

Assinalam-se hoje os 40 anos da chegada do Homem à Lua. Neil Armstrong, Buz Aldrin e o outro tipo ficarão para sempre na história. O outro tipo um bocado menos, claro. É que esteve a meia-dúzia de metros de solo lunar mas nunca chegou a pisá-lo, embora também por essa razão o seu nome venha para sempre a ecoar nos recantos da memória colectiva: Outro Tipo...
Ele é a versão cosmonáutica de uma história mil vezes repetida. Quando enunciou a Teoria da Relatividade, Albert Einstein baseou-se nos estudos de outro tipo. Quando pintou o tecto da Capela Sistina, Miguel Ângelo fê-lo num andaime que tinha sido montado por outro tipo. Quando ultrapassou mais de meia equipa inglesa e marcou um golo do outro mundo, Diego Maradona viu a bola ser-lhe passada por outro tipo. Quando venceu praticamente sozinho as últimas eleições europeias, Paulo Rangel tinha como presidente do seu partido outra tipa.
Os outros tipos são os heróis eternamente injustiçados no percurso traçado pela Humanidade. São, no fundo, os testículos desta vida: estão sempre à porta da festa, mas nunca chegam a participar nela.